13 de Maio · 2021

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“O programador não deveria ser um profissional solitário”

Colaboração é a chave para o bom desempenho com os algoritmos, uma mente saudável e carreira próspera, afirma a desenvolvedora front-end Yasmin Miranda. Por Mayhara Nogueira

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Quando a desenvolvedora Yasmin Miranda (18) pensa nas pessoas que tiveram impacto na sua jornada pessoal e profissional, ela se lembra imediatamente na sua mãe, a administradora Edileuza Miranda (43), e em seus amigos do Vai na Web, com quem convive e trabalha até hoje. Foi com eles que a jovem teve a oportunidade de aprender que empatia e resiliência poderiam a levar longe. Isso porque foram muitas adversidades para a jovem concluir o estudo. Moradora do distrito de Bangu, no Rio de Janeiro, Yasmin levava quase três horas de ônibus para chegar no seu destino final: Morro dos Prazeres, onde fica o pólo do Vai na Web.

Porém, três coisas a fizeram persistir. “Gostava do ambiente de estudo com os meus colegas, me apaixonei por tecnologia e programação e eu queria ter uma profissão para ajudar a minha mãe com as contas de casa”, lembra. “Durante os meses de curso, não deixei de acompanhar a evolução dos meus colegas do Estúdio Vai na Web (que faziam estágio na sala ao lado), e pensava comigo: ‘Se eu estudar muito e me esforçar, poderei trabalhar com tecnologia também’”, recorda.

Yasmin conta que o foco foi tamanho que, ao voltar para casa de ônibus no final do dia, não parava de estudar. “Com um caderninho, montava toda a estrutura básica de HTML e pensava como poderia fazer um código, bonitinho, em CSS”, lembra. “A cada coisa simples que eu conseguia resolver, comemorava muito”, conta a jovem que, ao final do programa de três meses, conseguiu superar os desafios propostos e ingressar no Estúdio, onde recebeu o seu primeiro suporte financeiro.

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Não demorou muito, Yasmin foi contratada por um empresa de tecnologia como desenvolvedora front-end. Hoje, ela também é bolsista do curso de marketing na Faculdade Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro. “É surpreendente o que a tecnologia fez por mim, estou até recebendo um salário!”, afirma a jovem que enxerga além: “Sonho em me tornar uma grande desenvolvedora e ajudar outras pessoas a alcançar o mesmo nível, principalmente aquelas que não tiveram oportunidade.”

Contudo, na sua opinião, para continuar caminhando é preciso manter a mente saudável. “O equilíbrio emocional é tudo para gente. A minha mãe é um grande suporte para mim. Foi ela quem me levantou toda vez que eu pensava em desistir. O psicólogo (o programa Vai na Web tem parceria com a Abrapsico, que atende os estudantes online) também é um enorme apoio. Mas, conviver com colegas que estão dispostos a ajudar uns aos outros é o mais importante. Por passar muito tempo no computador, precisamos de outros programadores para conversar. É daí que nascem as ideias para conseguirmos resolver os desafios dos códigos.”

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Segundo ela, no passado, imaginava que programar era sinônimo de solidão: uma pessoa trancada em um quarto escuro na frente de um computador por horas. “O programador não deveria ser um profissional solitário. Estar em contato com outros profissionais da área e ouvir novas histórias fornece gás para o nosso dia a dia. Assim, percebemos que não estamos sozinhos, não somos os únicos que passam sufoco na profissão. Nesse meio de colaboração, aprendemos mais rápido e as coisas passam a se desenvolver melhor.”

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Vai na Web Social Tech é um programa gratuito que leva tecnologia avançada e valores humanos para regiões de conflito armado no Rio de Janeiro, como o Morro dos Prazeres. Para conhecer a rotina dos estudantes e mais informações da iniciativa, acesse o nosso perfil no Instagram, Facebook ou Twitter.

Vai Na Web,

O Vai na Web é um movimento de alta tecnologia e impacto social que amplia as capacidades humanas e as requalifica para encarar os desafios da indústria 4.0.